Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O que é?
Trata-se de uma condição resultante de alterações físicas e funcionais do cérebro que afeta significativamente a comunicação verbal e não-verbal e a interação social, manifestando-se com déficits persistentes, padrões repetitivos e baixo interesse em comportamentos e atividades nas áreas de transmissão e relação social, bem como por diminuição na capacidade de aprendizado e adaptações ao meio. (Moral et al., 2019)
O TEA começa na infância e tende a persistir na adolescência e na idade adulta.
Etiologia/Causa:
Ainda permanece desconhecida.
Evidências científicas apontam que não há causa única e sim a interação de fatores genéticos e ambientais, ressaltando que “risco aumentado para TEA” não é o mesmo que causa fatores de riscos ambientais, visto que estes podem aumentar ou diminuir o risco de TEA em pessoas geneticamente predispostas.
Embora nenhum destes fatores pareça ter forte correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a exposição a agentes químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico, uso de algumas substâncias (como ácido valpróico) durante a gestação, prematuridade (com idade gestacional abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (< 2.500 g), gestações múltiplas, infecção materna durante a gravidez e idade parental avançada são considerados fatores contribuintes para o desenvolvimento do TEA.
Evidências indicam influência de alterações genéticas com forte herdabilidade (mede o grau de correspondência entre fenótipo/aparência do indivíduo e valor genético). Trata-se de um distúrbio geneticamente heterogêneo que produz heterogeneidade fenotípica (características físicas e comportamentais diferentes, tanto em manifestação como em gravidade). Apesar de alguns genes e algumas alterações estarem sendo estudadas, vale ressaltar que não há nenhum biomarcador específico para TEA.,
Sinais:
Choro ou risada inapropriados.
Hiperatividade ou muita passividade.
Empilhamento de brinquedos nas brincadeiras ou brincar com partes do brinquedo.
Sensibilidade para alguns sons.
Dificuldade em se relacionar com pares da mesma idade.
Apego a objetos diferentes.
Não fala ou tem dificuldade em verbalizar.
Não tem noção de perigo.
Dificuldade com as atividades rotineiras.
Diagnóstico:
Nos primeiros meses de vida os sinais de alerta se apresentam e de acordo com uma diretriz da Associação Americana de Psiquiatria e da Divisão de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento, o transtorno tem início precoce antes dos 3 anos de idade.
O diagnóstico do TEA é essencialmente clínico com observações da criança e conversas/entrevistas junto aos pais/responsáveis realizado por neuropediatra, psiquiatra e equipe multidisciplinar, todos especialistas no assunto, que utilizam instrumentos específicos elaborados a partir das observações da criança. Essse instrumentos são sensível para detecção de alterações sugestivas de TEA, aplicados durante as consultas de puericultura na Atenção Primária à Saúde.
O relato/queixa da família diante de alterações no desenvolvimento ou comportamento da criança é de fundamental importância e deve ser valorizado.
Ciente do diagnóstico de TEA, faz-se necessário o encaminhamento para as intervenções terapêutica e educacional o quanto antes, que podem levar a melhores resultados a longo prazo, com base na neuroplasticidade cerebral.
Assistência/Tratamento:
Acompanhamento multiprofissional necessitando de estimulação e adaptação comportamental.
O tratamento com estimulação precoce deve ser preconizado na suspeita do TEA ou em outro desenvolvimento atípico da criança, independentemente de confirmação diagnóstica.
Profissionais que podem fazer parte frente à assistência: neurologista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, musicoterapeuta, educador físico, nutricionista, psicólogo, psiquiatra e psicopedagogo.
Características centrais do TEA:
A prevalência é maior no sexo masculino.
Desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atitudes.
Comunicação ou interação social (3 de 3):
Reciprocidade social, comunicação não verbal e relacionamentos.
Comportamento restrito/repetitivo (2 de 4):
Comportamento ou fala repetitiva, alterações sensoriais, interesses restritos e rotinas. (Instituto Neurosaber, 2020; Instituto Singular, 2021)
Níveis de suporte:
Nível 1: precisa de suporte mínimo nas situações do dia a dia.
Nível 2: faixa intermediária no que se refere a gravidade dos sinais e necessidades de suporte principalmente nas habilidades sociais.
Nível 3: precisa de suporte intenso e significativo nas situações do dia a dia. Maior dependência dos pais. (Instituto Neurosaber, 2020; Instituto Singular, 2021)
Como obter acesso aos medicamentos?
Para aqueles que não têm condições financeiras de arcar com o custo do medicamento, a busca do fornecimento pelo SUS pode ser feita através de uma ação judicial baseada no direito à saúde, garantido pela Constituição Federal.
A Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, da Câmara dos Deputados, aprovou proposta que garante à pessoa com TEA o acesso gratuito a medicamentos prescritos por médicos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Demais informações pertinentes:
As pessoas com autismo são muito diferentes entre si, não havendo um autista igual ao outro.
Alguns indivíduos com TEA são capazes de viver de forma independente, outros apresentam graves incapacidades e exigem cuidados e apoio ao longo da vida.
Vacina não é um fator de risco para o desenvolvimento do TEA.
ABA (Análise do Comportamento Aplicada) é uma ciência e não um método.
Pessoas com TEA são, muitas vezes, sujeitas ao estigma e à discriminação, incluindo menores oportunidades de acesso à saúde, educação e de se engajarem e participarem de suas comunidades. É dever de todos lutar contra essa discriminação e estigmatização.
Referências:
Instituto Neurosaber. Quais são as principais características do Autismo? 2020. Disponível em: https://institutoneurosaber.com.br/quais-sao-as-principais-caracteristicas-do-autismo/ Acesso em: 01 out. 2023
Instituto Singular. Características e níveis do autismo. 2021. Disponível em: https://institutosingular.org/caracteristicas-niveis-autismo/.Acesso em 01 out. 2023
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. [American Psychiatric Association; Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento et al.]; Revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli et al.5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
Montenegro, M. A., Celeri, E. H. R. V., & Casella, E.B.. Transtorno do Espectro Autista -TEA: Manual Prático de Diagnóstico e Tratamento. 1 ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2018.
Moral, A., Shimabukuro, E.H. & Zink, A.G.. Entendendo o Autismo. Edital Santander/USP/FUSP de Direitos Fundamentais e Políticas Públicas. 3º edital. 2019. Disponível em: https://www.iag.usp.br/~eder/autismo/Cartilha-Autismo-final.pdf. Acesso em: 15 out. 2023.