O computador não vai desencadear ou agravar distúrbios oftalmológicos, como miopia, astigmatismo, hipermetropia e outros, mas o fato é que a convivência da nossa vista com essa tecnologia nem sempre é pacífica. De um lado, pelo uso de modo incorreto, sem os cuidados adequados. De outro, pela dificuldade de nosso organismo em se adaptar a esses equipamentos que, embora tenham-se tornado indispensáveis, continuam a ser, do ponto de vista da nossa história evolutiva, grandes novidades físicobiológicas.
O uso do computador elevou a exigência desse esforço muscular a patamares aos quais ainda não estamos adaptados. Com um agravante: a nossa capacidade de resposta diminui com a idade, principalmente após os 40 anos. É que, com o passar dos anos, o cristalino vai perdendo a elasticidade e tem mais dificuldade para fazer esse foco automático. Na prática, isso significa que para manter o foco a curta distância demandamos mais da musculatura ocular.
Outra frente de fadiga está relacionada com a luminosidade das telas. Para regular a entrada de luz nos olhos, há um movimento de maior contratação muscular para fechar ou abrir a pupila.
Piscar é preciso
“Um aspecto importante é que, ao nos concentrarmos na leitura das informações que estão na tela, diminuímos o ato de piscar, que é essencial para manter as córneas lubrificadas. Quando estamos relaxados, piscamos em média de 16 a 20 vezes por minuto. Na frente do computador, esses números caem para seis a oito vezes por minuto.
Os sintomas costumam ser mais incômodos para quem já tem algum problema de visão, o que recomenda visitas regulares ao oftalmologista, principalmente para corrigir graus das lentes usadas, Mas, independentemente da existência desses problemas, ninguém deve negligenciar os sintomas do uso excessivo do computador. Esse é um caminho perigoso para a fadiga ocular crônica, a astenopia. Acompanhada de dores de cabeça, na coluna cervical, irritação e prejuízos ao sono, essa fadiga corrói o bem-estar e a produtividade.
Alguns cuidados básicos ajudam a driblar os problemas. “Um deles é aplicar a regra dos 20x20x6. A cada 20 minutos, descansar a vista olhando durante 20 segundos para um objeto a mais de seis metros de distância” é importante piscar, manter a umidificação do ambiente, a hidratação do corpo e usar colírios (conhecidos como “lágrima artificial”) para lubrificar os olhos quando estiverem secos.
A tela do computador deve permanecer discretamente abaixo da altura dos olhos, a uma distância mínima de 50 centímetros, lembrando sempre que ergonomia e conforto também são fundamentais. Muitas vezes, posições inadequadas geram dores musculares que se manifestam também nos olhos.
Foto: Carla Cleto
Fonte
Dr. Claudio Lottenberg – Oftalmologista (CRM 49.892 SP) e Dr. Adriano Biondi Monteiro Carneiro – Oftalmologista (CRM 93.970 SP)