EXAMES LABORATORIAIS
O Laboratório Central do Estado – LACEN é o Laboratório de Saúde Pública vinculado à Secretaria de Estado da Saúde e apresenta desde a sua criação atividades voltadas à saúde coletiva, atuando nas áreas de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental.
O Portal do Cidadão, junto ao LACEN, organizou as dúvidas mais frequentes referentes a realização de exames laboratoriais, além dos mitos e verdades.
DÚVIDAS FREQUENTES
1. Remédios interferem em exames laboratoriais?
Alguns, sim. Os antibióticos e os anti-inflamatórios, por exemplo, interferem nos testes de coagulação do sangue, normalmente solicitados em pré-operatórios. Portanto, quaisquer que sejam os remédios que esteja tomando, avise o atendente antes do exame. Caso um deles interfira, você terá que conversar com o seu médico sobre a possibilidade de suspendê-lo por alguns dias. Se a interrupção não for possível, esse dado terá que ser levado em conta na avaliação do resultado.
2. Aspirina altera o resultado do exame?
Com certeza. Aspirina é o nome popular do ácido acetilsalicílico. Ela está presente em muitos analgésicos e antitérmicos, tais como AAS, Buferin, Doril, Melhoral, Aspirina Forte, Cibalena, Doloxene-A e Aspirina C. Mas também em antiácidos (Alka-Seltzer e Engov), onde está associada a outras substâncias farmacológicas. Por isso, guarde bem: todos os remédios com ácido acetilsalicílico interferem nos exames de coagulação do sangue. Em altas doses, podem diminuir os valores totais de tiroxina ou T4, um dos hormônios da tiroide.
3. Por que devemos desprezar o primeiro jato de urina quando vamos fazer o exame?
O primeiro jato de urina traz células e secreção que podem estar presentes na uretra, principalmente se existir um processo inflamatório e/ou infeccioso chamado uretrite. Quando se está preocupado com uma possível infecção urinária, é importante que o material examinado não seja “contaminado” com o que estiver na uretra. Daí a necessidade de desprezar o primeiro jato e coletar o jato médio, ou seja, uma urina que representa bem o material que está na bexiga.
4. E fumar antes de fazer exame, tudo bem?
De jeito nenhum, se forem testes de agregação plaquetária, curva glicêmica ou exame ergométrico. Nesses casos, não fume no dia do exame.
5. Pode-se fazer exame de sangue com gripe, resfriado ou febre?
Claro. Alguns exames, aliás, são solicitados exatamente porque a pessoa está com febre. A intenção é verificar se alguma infecção é a responsável. Porém, em algumas circunstâncias, a doença responsável pela febre pode interferir nos exames destinados a avaliar aspectos metabólicos e imunológicos. Por cautela, consequentemente, consulte o seu médico ou o laboratório antes de fazer o exame.
6. Menstruação interfere nos exames?
Sim, por exemplo, no de urina. Por isso o ideal é fazê-lo fora do período menstrual. Mas, se for urgente, a urina pode ser colhida, adotando-se dois cuidados: assepsia na hora do exame e o uso de tampão vaginal, para o sangue menstrual não se misturar à urina.
7. Mulher menstruada pode fazer exame de sangue?
Sim, qualquer um deles. Porém, diversos hormônios e algumas proteínas séricas variam durante o ciclo menstrual. Portanto, é fundamental que o médico saiba em que período do ciclo o seu exame foi realizado.
8. Esforço físico atrapalha os exames laboratoriais?
Alguns, sim. Por exemplo, os de glicemia e dosagem de fator VIII de coagulação. Tanto que, antes de fazê-los, você não pode ter se submetido a qualquer esforço físico. Além disso, lembre-se: os exames laboratoriais são padronizados para a realização em condições ideais, bem definidas. É o que os médicos chamam de condições basais. Em consequência, testes feitos após esforços físicos terão eventualmente valores diferentes dos que você tem.
9. Por que o esforço físico interfere no exame de glicemia?
A glicemia reflete a quantidade de açúcar no sangue que, por sua vez, é uma fonte de energia de rápido aproveitamento pelo organismo. Dessa forma, sempre que o organismo precisar de mais energia, por exemplo, em esforço físico e stress, há alterações importantes nas velocidades de produção e consumo de açúcar. A maioria das vezes em que se faz exames de dosagem de glicemia, queremos saber como está o nível basal, pois o valor de referência diz respeito a esta situação. Portanto, a pessoa deve estar o mais próximo possível desta condição.
10. E bebida alcoólica pode alterar resultados de exames?
Sim, especialmente o de triglicérides. Uma dose de uísque, uma cerveja ou um copo de vinho na véspera é suficiente para elevar os seus níveis, falseando os resultados. Por isso, o ideal é, antes do exame, ficar três dias sem ingerir qualquer bebida alcoólica. Importante: o álcool também altera o colesterol, mas pouco.
11. A alimentação também interfere nos resultados de colesterol e triglicérides?
Sim, mas principalmente no de triglicérides. Por exemplo, uma pessoa com triglicérides elevadas e que adota uma dieta rígida na véspera do exame terá um resultado falsamente baixo. Já alguém com triglicérides normais, mas que come uma feijoada no dia anterior, apresentará resultado falsamente alto.
12. Como tem que ser a alimentação para os resultados de triglicérides serem confiáveis?
Você deve manter a sua dieta habitual nos 5 dias que antecedem os exames. É fundamental jejum de 12 a 16 horas para a coleta do sangue.
13. O que é a dieta habitual exigida por certos exames?
É a que você costuma comer no seu dia a dia. Portanto, essa instrução significa apenas o seguinte: não mude a alimentação.
14. Água quebra o jejum?
Não. Mas convém tomá-la com moderação. O excesso interfere nos exames de urina. Se seu exame envolve algum tipo de anestésico, você não poderá beber água.
15. Exame de sangue tem que ser sempre em jejum?
Nem todos. O hemograma simples, por exemplo, dispensa o jejum. Já glicemia e triglicérides exigem que você fique várias horas sem comer. O tempo de jejum varia de acordo com o exame.
16. Exames que pedem jejum têm de ser feitos sempre de manhã?
Nem todos. Desde que se obedeça ao tempo estipulado de jejum, alguns podem ser colhidos inclusive à tarde, sem problemas.
17. Alguns médicos dispensam jejum para alguns exames. Qual orientação seguir?
A boa prática laboratorial recomenda que, para a maioria dos exames de sangue, a coleta seja realizada após um período mínimo de quatro horas de jejum, para o indivíduo adulto. Crianças e recém-nascidos devem ter este prazo reduzido ou até mesmo abolido, dependendo de cada situação clínica. Para cada exame, porém, pode haver necessidade de orientação específica, pois a concentração das substâncias absorvidas, como a glicose, por exemplo, varia de acordo com o tempo após a ingestão do alimento. Em contrapartida, um tempo de jejum muito prolongado também causa variações. Cada paciente, cada exame e cada situação devem ter suas particularidades analisadas de forma a se obter o maior grau de confiabilidade dos resultados. Em caso de dúvidas, consulte sempre o seu médico.
18. Qualquer exame pode ser feito à tarde?
Alguns, não. É o caso das dosagens de cortisol, ferro e ACTH (hormônio adrenocorticotrófico). Esses exames devem ser realizados obrigatoriamente na parte da manhã. Motivo: é nessa parte do dia que tais substâncias têm um pico no organismo.
19. E para colher o exame de fezes, a pessoa precisa estar em jejum?
Não. Também não precisa ser a primeira evacuação do dia. Isso vale para todos os tipos de exame de fezes. Detalhe: para a comodidade do cliente é melhor o material ser colhido em casa, num frasco apropriado, fornecido pelo laboratório.
20. Por que para o exame Parasitológico de fezes a primeira amostra deve ser sem laxante?
A 1ª amostra do exame Parasitológico de fezes seriado deve ser colhida sem uso de laxante para que o material fecal possa ser avaliado macroscopicamente (para verificar presença de muco, pus, sangue etc.) e também para poder ser realizada uma técnica de pesquisa de larvas de um determinado parasita na qual há necessidade das fezes não estarem semi-líquidas/líquidas.
21. No caso de exame de urina, tem que ser a primeira da manhã?
Somente se o seu médico solicitar. Se isso não acontecer, a urina poderá ser colhida em qualquer horário do dia, mas com um cuidado antes do exame: de preferência, permanecer duas horas sem urinar. Dará o volume ideal para uma boa coleta. O ideal é que seja colhida em frasco apropriado, fornecido pelo laboratório ou adquirido em farmácia.
22. Urina só pode ser colhida no laboratório?
Depende do tipo de exame. Para cultura, o ideal é que a urina seja colhida no laboratório. Já a urina tipo I, que é mais comum, pode ser colhida em casa.
23. Cremes e óvulos vaginais interferem no exame de urina?
Não, desde que se adotem dois cuidados para não misturar esses medicamentos à urina: assepsia na hora do exame e uso de tampão vaginal.
24. Dói colher sangue para exame?
Em geral, causa apenas um leve incômodo, pois o procedimento é muito rápido. Mas isso é muito variável, pois depende da sensibilidade de cada pessoa e da destreza do profissional que realiza a coleta.
25. Por que quando se tira sangue para exame, às vezes o local fica roxo?
Isto chama-se hematoma: extravasamento de sangue para fora da veia. Ele pode ocorrer em determinadas situações, tais como: veias finas, delicadas, com muita pressão; falta de boa compressão no local da punção; e paciente usando algum medicamento que altera a coagulação do sangue, entre os quais a aspirina.
26. O que é um antibiograma?
Antibiograma é um exame cuja finalidade é verificar quais são os antibióticos mais indicados para o tratamento da infecção causada pela bactéria isolada no material clínico analisado. Por este teste, ficamos sabendo a quais antibióticos a bactéria é sensível e a quais é resistente.
27. Por que não se deve tomar laxante na véspera de uma curva glicêmica?
Não se deve tomar laxante pois ele provoca um aumento de velocidade do trânsito intestinal, com modificação da absorção. Como a absorção de glicose é a base do teste, este pode ser prejudicado.
28. Por que não se deve ingerir grande quantidade de bebida alcoólica para realizar exame de sangue oculto nas fezes?
A pesquisa de sangue oculto nas fezes é utilizada para auxiliar o diagnóstico de doenças do intestino (especialmente do colo), em que exista sangramento. Como o álcool é um irritante gástrico, podendo causar sangramento do estômago por irritação, a ingestão de álcool em grande quantidade é desaconselhada para quem vai fazer este tipo de teste.
29. É prejudicial coletar sangue de crianças repetidas vezes?
A coleta de sangue significa realizar a punção de uma veia – ou em situações especiais, de uma artéria – para a obtenção de um volume de sangue para a realização de exames de laboratório. Algumas vezes, é possível obter o volume necessário por punção digital ou de calcanhar. Em todas as circunstâncias, a pele é puncionada, o que significa um pequeno trauma e uma lesão. Há um pequeno desconforto e um potencial risco de contaminação. Dessa forma, os cuidados implicam em fazer uma assepsia adequada no local da punção e o uso de instrumentos – agulhas e/ou lancetas – esterilizadas. Além disso, a prática e destreza do pessoal de coleta são importantes. Repetir o processo várias vezes, evidentemente, não é adequado, um cuidado precisa ser tomado em relação ao volume de sangue coletado. Quanto menor a criança, menor o volume de sangue existente, e, proporcionalmente, maior o volume coletado.
30. Por que se recomenda realizar exames de hormônios conforme o ciclo menstrual?
A recomendação é feita para os hormônios que sofrem flutuação conforme o dia do ciclo, como o LH, FSH, estradiol e progesterona.
MITOS E VERDADES
“Fazer exame de imagem antes da coleta de sangue não é permitido”
VERDADE. Alguns exames de imagem exigem o uso de contraste por via oral, venosa, arterial, e, por outras vias, em situações específicas. O contraste é uma substância química aplicada para melhorar os resultados das imagens, em alguns casos. A quantidade utilizada em cada caso pode variar. A recomendação é que os exames de laboratório sejam feitos antes da realização dos exames de imagem ou após 72 horas depois de realizado.
“É proibido ter relações sexuais nos dias que antecedem a coleta de sangue”
MITO. Homens e mulheres podem manter a atividade sexual normalmente nos dias que antecedem os exames de sangue. Há restrição da atividade sexual apenas para homens, nos exames como o espermograma e PSA (total e livre). O PSA, é um exame que costuma ser exigido para homens em processo de investigação de doenças relacionadas à próstata, por isso, algumas restrições são recomendadas, como aguardar: 48 horas após a última ejaculação, 72 horas após toque retal, 4 semanas após massagem ou biópsia da próstata, e 7 dias após ultrassom transretal. Para as mulheres, a abstinência sexual é uma recomendação que é exigida apenas para alguns exames ginecológicos, mas não cabe para exames laboratoriais.
“Fazer exame de sangue durante o período menstrual interfere nos resultados”
VERDADE. Durante o período menstrual, as dosagens hormonais são alteradas, especialmente os hormônios sexuais. Por isso, no laboratório as mulheres são questionadas sobre quando ocorreu a última menstruação. Mas isso não impede a realização dos exames, uma vez que os resultados serão interpretados por especialistas, como um clínico geral, endocrinologista ou ginecologista.
“A prática de atividades físicas altera o resultado do exame”
VERDADE. Aos atletas e desportistas, é recomendado avisar ao laboratório sobre o hábito de se exercitar. A prática de atividades físicas gera a queima de calorias, que reduz os níveis de glicose no sangue, além de produzir metabólicos como o ácido lático e a creatinofosfoquinase (CPK). O laboratório precisa ser informado sobre a rotina de exercícios para considerar possíveis alterações dessas substâncias.
“Não existe nenhum problema em fumar antes de fazer exames laboratoriais”
MITO. O fumo pode alterar alguns testes, como a dosagem de glicose. Por isso é recomendado que o paciente não fume no dia do exame.
“Estar gripado ou resfriado não permite fazer exames de sangue”
MITO. Não há nenhum problema em realizar exames de sangue enquanto se está gripado ou resfriado. Em alguns casos, o exame é solicitado inclusive para investigar se há algum tipo de infecção relacionada ao quadro. Contudo, a febre pode interferir nos resultados, por isso é necessário avisar o laboratório neste caso.
“É importante ter um boa noite de sono no dia anterior ao exame”
VERDADE. O sono interfere em todo o funcionamento do organismo e uma noite mal dormida interfere inclusive nos níveis sanguíneos. Alguns exames exigem repouso antes da coleta, como, por exemplo, a Prolactina. O descanso também deve ocorrer pós-exame, mais especificamente, o braço no qual ocorreu a coleta não deve carregar peso no restante do dia.
“É necessário ter uma dieta mais saudável na semana que precede o exame”
MITO. A recomendação médica é para que os pacientes mantenham uma alimentação normal, sem grandes alterações na dieta habitual durante, pelo menos, os 15 dias que antecedem o exame. Do contrário, os resultados obtidos serão falsos. Especialmente no caso dos triglicerídios, mudar drasticamente a dieta na véspera da coleta, produzirá um resultado que não condiz com a realidade.
“O jejum total é obrigatório para todos os tipos de exames de sangue”
MITO. O Consenso Brasileiro para a Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico, em 2016, aboliu a necessidade de jejum nos exames que medem os níveis de gorduras no sangue. Agora os pacientes se livraram do exaustivo jejum de 12 horas para fazer os exames que medem os níveis de colesterol e triglicérides no sangue. Isso beneficia pacientes com diabetes, que corriam o risco de hipoglicemia (queda nos níveis de açúcar no sangue) pela falta de alimento, crianças e idosos. Para as demais categorias de exames, permanecem as mesmas recomendações: 3, 4 ou 8 horas sem ingerir alimentos, sendo liberado o consumo de água com moderação. Vale lembrar também que nunca se deve ultrapassar 14 horas de jejum.
“Bebês precisam suspender a amamentação para fazer exame de sangue”
MITO. Bebês que ainda se alimentam apenas com leite materno, não precisam fazer qualquer tipo de jejum. Bebês que já ingerem outro tipo de alimento, crianças e gestantes devem solicitar ao médico a orientação quanto ao jejum.
“Todos os exames de sangue que precisam de jejum só podem ser feitos pela manhã”
MITO. A exigência para a realização dos exames é respeitar o tempo de jejum. Exames que exigem quatro horas, por exemplo, não impedem que a coleta de sangue seja feita a tarde, por exemplo. Isso vai depender, na verdade, do horário de funcionamento do laboratório que for escolhido para os exames.
“Um chá ou cafezinho sem açúcar não interrompem o jejum”
MITO. Qualquer alimento, com exceção da água, ao ser ingerido, interferem no resultado dos exames porque modificam algumas dosagens bioquímicas. Por isso, nem mesmo um chá sem açúcar pode ser ingerido durante o período do jejum.
“Durante o jejum para exame de sangue é preciso evitar o consumo excessivo de água”
VERDADE. Até mesmo o consumo de água deve ser feito sem excessos, o ideal é consumir a média recomendada por dia: 3 litros para um adulto. Água não quebra o jejum, mas, em excesso, pode alterar os resultados nos exames de urina, por exemplo.
“Pode haver contraindicação a respeito do uso medicação de rotina antes de fazer os exames”
VERDADE. Alguns medicamentos podem interferir nos resultados da coleta de sangue e cabe ao médico e ao laboratório informar quando se deve suspender determinado medicamento. Os antibióticos e anti-inflamatórios, por exemplo, causam alterações nos testes de coagulação do sangue. Nos casos em que o uso de um medicamento não pode ser suspenso, o laboratório irá analisar os dados do exame levando em consideração a presença da medicação.
“Bebidas alcoólicas devem ser suspensas até 72 horas antes dos exames”