A Doença pelo Vírus Ebola (DVE) é uma zoonose, cujo morcego é o reservatório mais provável. Quatro dos cinco subtipos ocorrem em hospedeiro animal nativo da África. Acredita-se que o vírus foi transmitido para seres humanos a partir de contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, morcegos-gigantes, antílopes e porcos-espinho.
Até o momento, foram descritas cinco subespécies de vírus Ebola, sendo que quatro delas afetam humanos e uma delas, apenas primatas não humanos. As espécies são: vírus Ebola (Zaire Ebolavirus); Vírus Sudão (Sudão Ebolavirus); Vírus Taï Forest (Tai Forest Ebolavirus), vírus Bundibugyo (Bundibugyo Ebolavirus) e vírus Reston (Reston Ebolavirus), este último afetando somente animais. O Zaire Ebolavirus é o que apresenta a maior letalidade.
A doença do vírus Ebola, conhecida anteriormente como Febre Hemorrágica Ebola, é uma doença grave, muitas vezes fatal e com taxa de letalidade que pode chegar até os 90%. A doença afeta os seres humanos e os primatas não-humanos, como macacos, gorilas e chimpanzés.
A transmissão se dá por meio do contato com sangue, tecidos ou fluidos corporais de animais e indivíduos infectados (incluindo cadáveres), ou a partir do contato com superfícies e objetos contaminados. Destaca-se que não há registro na literatura de isolamento do vírus no suor e pelo ar.
Não há transmissão durante o período de incubação. A transmissão só ocorre após o aparecimento dos sintomas.
Depois que uma pessoa entra em contato com um animal que tem Ebola, ela pode espalhar o vírus na sua comunidade, transmitindo-o para outras pessoas. O vírus Ebola não é transmitido pelo ar. A infecção ocorre por contato direto com o sangue ou outros fluidos corporais ou secreções como, por exemplo, fezes, urina, saliva, leite materno e sêmen de pessoas infectadas.
Sintomas
O período de incubação da doença pode variar de 2 a 21 dias, no entanto, o período mediano é de 5 a 10 dias para a maior parte dos casos e os anticorpos IgM podem aparecer com dois dias após o início dos sintomas e desaparecer entre 30 e 168 dias após a infecção.
Frente a um caso suspeito de Ebola, o encaminhamento do paciente, o manejo clínico, o fluxo de exames e informações serão orientados diretamente pelo Ministério da Saúde, em articulação com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
O Ebola é uma doença de notificação compulsória imediata. A notificação deve ser realizada pelo profissional de saúde ou pelo serviço que prestar o primeiro atendimento ao paciente, pelo meio mais rápido disponível, de acordo com a Portaria de Notificação Compulsória PRC n° 4, de 28 de setembro de 2017, Anexo V, Capítulo I.
Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente (Notificação Imediata em até 24 horas) às autoridades de saúde das Secretarias municipais, estaduais, CIEVS estadual, CIEVS Nacional pelo Disque Notifica (0800-644-6645), bem como pelo e-mail notifica@saude.gov.br ou formulário eletrônico no site da SVS. Endereço eletrônico: http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=6742.
O registro dos casos que se enquadram na definição de caso suspeito de Ebola deve ser realizado por meio da ficha de notificação individual no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) utilizando o Código Internacional de Doenças (CID) A98.4. A ficha de registro está acessível por meio do endereço eletrônico: https://bit.ly20vc2no.
O exame a ser realizado é o de PCR para o diagnóstico confirmatório de Ebola. São realizadas duas coletas, sendo a segunda coleta após 48 horas da 1ª. As amostras são encaminhadas para o laboratório de Referência Nacional Instituto Evandro Chagas – IEC.
A DVE é uma síndrome febril hemorrágica aguda cujos diagnósticos diferenciais principais são: malária, febre amarela, sarampo, desinteria bacteriana, doença de lyme, febre tifoide, shiguelose, cólera, leptospirose, peste, ricketsiose, febre recorrente, doença meningocócica, hepatite, dengue grave e outras febres hemorrágicas.
Atualmente diversas vacinas estão sendo testadas, mas nenhuma delas está disponível para uso clínico, no momento.
Ainda não há tratamento licenciado comprovado para neutralizar o vírus, mas uma gama de tratamentos potenciais incluindo produtos sanguíneos, terapias imunológicas e medicamentosas estão em desenvolvimento. O tratamento, a princípio, se restringe ao controle dos sintomas e medidas de suporte/estabilização do paciente. É importante iniciar o tratamento de maneira oportuna, para aumentar as chances de sobrevivência dos pacientes.
Uma vacina experimental contra o vírus ebola provou ser altamente protetora. Um grande teste foi realizado na Guiné em 2015 e a vacina chama rVSV-ZEBOV, várias pessoas foram envolvidas no teste. A estratégia utilizada foi a vacinação em anel e sua dose foi considerada segura e eficaz e todas as pessoas que tiveram contato com um novo caso confirmado de ebola foram rastreadas e receberam a dose no intuito de frear a transmissão do vírus. Essa estratégia também foi utilizada no 9º e 10º (em andamento) na República Democrática do Congo.
Nos países onde há transmissão do Ebola, a melhor maneira de se prevenir é evitar contato com o sangue ou secreções de animais ou pessoas doentes, ou com o corpo de pessoas falecidas em decorrência dessa doença, durante rituais de velório.
Desta forma, as principais medidas de prevenção do Ebola são:
Os cuidados são de suporte precoce com hidratação e tratamento sintomático. Ainda não há tratamento licenciado comprovado para neutralizar o vírus, mas uma gama de tratamentos potenciais incluindo produtos sanguíneos, terapias imunológicas e medicamentosas estão em desenvolvimento.
O tratamento, a princípio, se restringe ao controle dos sintomas e medidas de suporte/estabilização do paciente. É importante iniciar o tratamento de maneira oportuna, para aumentar as chances de sobrevivência dos pacientes.
É recomendada a expansão volêmica, correção dos distúrbios hidroeletrolíticos, estabilização hemodinâmica, correção de hipoxemia e manutenção da oferta de oxigênio tecidual e tratamento de infecções bacterianas.
Uma vez que a doença foi curada, a pessoa está imune ao vírus Ebola.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
Ocorre na fase da vida em que a mulher menstrua, cessando após a menopausa, embora haja casos raros após esse período. É causada pelo surgimento de tecido endometrial (normalmente encontrado no interior do útero) em outros locais do organismo, sobretudo na pelve.
É mais frequente após os 30 anos e em mulheres que nunca engravidaram. Os locais comumente afetados são os órgãos ou estruturas vizinhas ao útero (como os ovários e o peritônio – membrana que recobre o interior do abdome), podendo atingir também a própria parede uterina (caso este que chamamos de adenomiose), o colo uterino, a vagina, o intestino e a bexiga. Ainda que menos frequente, a doença aparece em cicatrizes cirúrgicas (especialmente de parto) e nos pulmões.
Não são totalmente conhecidas, embora diferentes hipóteses tentem explicar como ocorre o problema:
Após avaliação clínica adequada (história relatada pela mulher e exame físico), existem alguns exames complementares que poderão ser úteis (exames de sangue, ultrassom entre outros). Diante da suspeita de endometriose, pode-se acompanhar clinicamente a evolução do caso ou indicar cirurgia por videolaparoscopia (técnica que utiliza câmera e pinças, a fim de avaliar a cavidade abdominal por meio de incisões mínimas) para realização de biópsia e confirmação diagnóstica. A cirurgia também pode ser realizada com corte no abdome (laparotomia), semelhante ao de uma cesariana, porém, isso apresenta algumas desvantagens quanto a cicatrização, tempo de recuperação pós-operatória e estética.
O tempo médio entre os primeiros sintomas e o diagnóstico é de aproximadamente sete anos e, por vezes, o diagnóstico é realizado durante investigação de infertilidade.
Deve ser decidido entre a mulher (ou o casal) e o seu médico, e devem-se levar em consideração alguns fatores, como: idade, intensidade dos sintomas, desejo de ter filhos e gravidade do caso.
Dentre as possibilidades de tratamento, a maioria não é curativa. Visam a aliviar os sintomas de dor, reduzir as lesões, preservar ou restabelecer a fertilidade e evitar ou retardar a evolução da endometriose.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
Muitas vezes confundida com outras cefaleias, a enxaqueca é um tipo de dor de cabeça que costuma provocar dores unilaterais e latejantes, acompanhadas na maioria das vezes de náuseas, vômitos e intolerância a sons, luz e cheiros fortes.
As crises tendem a aparecer ocasionalmente, com duração de quatro até 72 horas. Em casos extremos, a frequência pode ser diária.
A enxaqueca é uma doença multifatorial. Além do fator genético, o consumo de alimentos como queijos, embutidos, chocolate, café e adoçantes com aspartame, sono prolongado ou falta de sono, excesso de exposição ao sol, alterações de hormônios, tabagismo, odores fortes e a ingestão de bebida alcoólica podem desencadear uma crise. Transtornos de humor, como ansiedade e depressão, também podem frequentemente estar associados a um episódio de enxaqueca.
A crise de enxaqueca pode ser dividida em quatro etapas com sintomas distintos. Na premonitória, o período anterior à dor de cabeça, é comum o desejo por determinados alimentos, como chocolate, alterações de humor, cansaço, bocejos e retenção de líquidos.
Depois vem a aura, que normalmente precede a crise, mas também pode ocorrer simultaneamente. Ela ocorre em 15 a 25% das enxaquecas, e se manifesta com alterações na vista como embaçamento, pontos ou manchas escuras na visão, linhas em “zig zag” e pontos luminosos que duram de cinco minutos à uma hora. Em casos raros podem acontecer auras sem dor de cabeça.
A etapa da cefaleia é o período mais incapacitante e incômodo da enxaqueca. A sensação é de dor de um lado da cabeça e latejamento que pioram com qualquer esforço físico. Além disso, náuseas, vômitos e sensibilidade a barulhos, luz e cheiros podem acompanhar a dor.
Por último vem a fase de resolução, que é a recuperação do organismo após a dor intensa de cabeça e se caracteriza por intolerância a alimentos, dificuldade de concentração, dor muscular e fadiga.
Não existem exames específicos para diagnosticar a enxaqueca. O diagnóstico é clínico, por meio da avaliação médica dos sintomas relatados pelo paciente. Em alguns casos podem ser feitos exames para identificar se existem outros fatores interferindo na dor de cabeça e confirmar a suspeita de enxaqueca.
O principal tratamento é a prevenção, com a adoção de medidas para evitar a manifestação das crises. Ele pode ser feito com medicamentos ou métodos não medicamentosos. As crises também podem ser combatidas com analgésicos de efeito rápido, reduzindo a dor. Também é fundamental a adoção de hábitos saudáveis, como relaxamento, atividades físicas regulares, alimentação equilibrada e sono regular.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
A epilepsia é uma condição neurológica bastante comum, acometendo aproximadamente uma em cada 100 pessoas. A doença é caracterizada pela ocorrência de crises epilépticas, que se repetem a intervalos variáveis. Essas crises são as manifestações clínicas de uma descarga anormal de neurônios, que são as células que compõem o cérebro.
A doença pode ter diversas causas, que variam de acordo com o tipo de epilepsia e com a idade do paciente. Em crianças, por exemplo, a anóxia neonatal (falta de oxigênio no cérebro durante o parto) e os erros inatos do metabolismo (alterações metabólicas que existem desde o nascimento) são causas frequentes de epilepsia. Em idosos, por outro lado, as doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral, ou AVC), bem como os tumores cerebrais, estão entre as causas mais frequentes.
Existem vários tipos de crises epilépticas, cada uma com características diferentes. Um dos tipos mais comuns é a crise tônico-clônica, chamada habitualmente de “convulsão”. Esse tipo de crise é facilmente reconhecível, pois o paciente apresenta abalos musculares generalizados, sialorreia (salivação excessiva) e, muitas vezes, morde a língua e perde urina e fezes.
Outras crises, entretanto, podem não ser reconhecidas por pacientes, seus familiares e até mesmo por médicos, pois apresentam manifestações sutis, como alteração discreta de comportamento, olhar parado e movimentos automáticos.
Em crianças, por exemplo, é comum a ocorrência de crises de ausência, caracterizadas por uma breve parada da atividade que a criança estava fazendo, às vezes associadas a piscamentos ou movimentos automáticos das mãos. As crises de ausência podem ocorrer muitas vezes ao dia. Em alguns casos, não são reconhecidas prontamente, e só quando a criança começa a apresentar prejuízo do desempenho escolar – normalmente apontado pelo professor na escola – essa possibilidade é considerada.
É feito por meio da avaliação do histórico do paciente, com informações sobre os tipos de crise apresentados, a idade de início dos sintomas, a história familiar, entre outras. Exames complementares são importantes para auxiliar no diagnóstico, como o eletroencefalograma, a tomografia de crânio e a ressonância magnética do cérebro. O diagnóstico apropriado da epilepsia e do tipo de crise apresentado pelo paciente permite a escolha do tratamento adequado.
Algumas causas de epilepsia, como a anóxia neonatal e as doenças cerebrovasculares podem ser prevenidas. Assim, um acompanhamento pré-natal adequado e uma boa assistência ao parto certamente podem colaborar para reduzir o número de casos de epilepsia relacionados aos problemas do parto.
Da mesma forma, o controle apropriado dos fatores de risco para doenças cerebrovasculares, como a hipertensão arterial e o diabetes, levam a uma redução no número de acidentes vasculares cerebrais e, portanto, dos casos de epilepsia decorrentes dessa enfermidade.
As crises epilépticas são tratadas com o uso de medicações específicas, denominadas fármacos antiepilépticos. Há mais de 20 fármacos disponíveis atualmente para o tratamento da epilepsia – nem todos comercializados no Brasil.
Com o tratamento clínico (com medicamentos antiepilépticos), cerca de dois terços dos pacientes têm suas crises controladas. Um número significativo – cerca de um terço – porém, continua tendo crises a despeito do tratamento clínico.
Para esses pacientes, outras opções de tratamento podem ser consideradas, como o uso da dieta cetogênica (semelhante à dieta Atkins), principalmente em crianças, e o tratamento cirúrgico. A neuromodulação, com a estimulação do cérebro ou de nervos periféricos, também pode ser uma opção terapêutica em pacientes com epilepsia de difícil controle. Mais recentemente, o canabidiol – um dos compostos da folha da maconha – passou a ser utilizado no tratamento da epilepsia, com bons resultados; é importante destacar que o canabidiol não tem qualquer efeito psicoativo, sendo seu uso seguro em adultos e crianças.
A maioria das pessoas com epilepsia tem suas crises controladas com o tratamento medicamentoso e, portanto, podem ter vida normal, com pouca ou nenhuma limitação. O reconhecimento das crises e o diagnóstico correto permitem que o melhor tratamento seja iniciado precocemente e que o paciente possa retomar normalmente suas atividades.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
Esclerose Lateral Amiotrófica – ELA é uma doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva e acarreta em paralisia motora irreversível. Pacientes com a doença sofrem paralisia gradual e morte precoce como resultado da perda de capacidades cruciais, como falar, movimentar, engolir e até mesmo respirar. O físico britânico Stephen Hawking, morto em 2018, foi um dos portadores mais conhecidos mundialmente da ELA.
Não há cura para a Esclerose Lateral Amiotrófica. Com o tempo, as pessoas com doença perdem progressivamente a capacidade funcional e de cuidar de si mesmas. O óbito, em geral, ocorre entre três e cinco anos após o diagnóstico. Cerca de 25% dos pacientes sobrevivem por mais de cinco anos depois do diagnóstico.
A descrição do seu nome, Esclerose Lateral Amiotrófica, significa: esclerose – endurecimento e cicatrização; lateral – porção lateral da medula espinhal; amiotrófica – fraqueza que resulta na redução do volume real do tecido muscular, atrofia.
As causas da ELA ainda não são conhecidas, no entanto sabe-se que em cerca de 10% dos casos ela é causada por um defeito genético. Na prática, os neurônios dos pacientes acometidos pela doença se desgastam ou morrem e já não conseguem mais mandar mensagens aos músculos. Isso gera a curto e médio prazo enfraquecimento dos músculos, contrações involuntárias e incapacidade de mover os braços, as pernas e o corpo. A doença piora lentamente. Quando os músculos do peito param de trabalhar, fica muito difícil respirar por conta própria.
Além disso, outras causas que podem estar relacionadas com a Esclerose Lateral Amiotrófica são:
Sintomas
A Esclerose Lateral Amiotrófica não afeta os sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) e raramente atinge o funcionamento da bexiga, dos intestinos ou a capacidade de pensamento e raciocínio de uma pessoa.
O diagnóstico da Esclerose Lateral Amiotrófica é feito, inicialmente, por meio de análise clínica e exame físico, que pode mostrar algumas deficiências físicas, sinais e sintomas que podem estar relacionados à doença. Pode haver, por exemplo, tremores, espasmos e contrações musculares, ou perda de tecido muscular (atrofia). Atrofia e contrações involuntárias da língua são comuns.
Além disso, a pessoa pode ter um jeito de andar rígido ou desajeitado. Os reflexos são anormais. Há mais reflexos nas articulações, mas pode haver perda do reflexo faríngeo. Alguns pacientes têm problemas para controlar o choro ou o riso, estado chamado de "incontinência emocional".
Infelizmente, não existem evidências na literatura médica e científica mundial formas de prevenir a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
Não há cura para Esclerose Lateral Amiotrófica. Com o tempo, as pessoas com doença perdem progressivamente a capacidade funcional e de cuidar de si mesmas. O óbito, em geral, ocorre entre três e cinco anos após o diagnóstico. Cerca de 25% dos pacientes sobrevivem por mais de cinco anos depois do diagnóstico.
O tratamento para ELA começa com um medicamento chamado riluzol, que é distribuído gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O riluzol reduz a velocidade de progressão da doença e prolonga a vida do paciente. Fisioterapia, reabilitação, uso de órteses, de uma cadeira de rodas ou outras medidas ortopédicas podem ser necessárias para maximizar a função muscular e o estado de saúde geral, conforme cada caso e de acordo com a evolução da doença.
A participação de um nutricionista é muito importante, pois os pacientes com ELA tendem a perder peso. A própria doença aumenta a necessidade de ingestão de alimentos e calorias. Ao mesmo tempo, os problemas de deglutição podem fazer com que seja difícil comer o suficiente. Os dispositivos respiratórios incluem máquinas usadas somente durante a noite e ventilação mecânica constante.
O Ministério da Saúde oferece ainda Práticas Integrativas e Complementares, como cuidados paliativos terapêuticos, ajudando na promoção, prevenção e tratamento de doenças crônicas ou raras, como ELA. Essas práticas possuem recursos tecnológicos simplificados e potentes, que podem contribuir ao longo de todo o tratamento, tanto para o paciente quanto para os familiares.
Os cuidados paliativos são uma abordagem de tratamento que promove a qualidade de vida de pacientes que enfrentam doenças que ameacem a continuidade de vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento. Estão previstos nos cuidados paliativos tratamentos para dor e outros problemas de natureza física, psíquica, espiritual e social.
No âmbito da reabilitação, a Esclerose Lateral Amiotrófica pode englobar medidas relacionadas à dor, prevenção de contraturas musculares e articulares fixas com uso de órteses, tratamento das dificuldades da fala, da deglutição, dificuldades respiratórias e suporte familiar. Esses tratamentos podem ser feitos nos Centros Especializados em Reabilitação do SUS.
O acompanhamento na reabilitação é baseado em avaliações multidisciplinares das necessidades e capacidades das pessoas com deficiência, incluindo dispositivos e tecnologias assistivas, e com foco na produção da autonomia e o máximo de independência em diferentes aspectos da vida. O processo de reabilitação tem o objetivo de melhorar a funcionalidade e promover a inclusão social das pessoas com deficiência em seu ambiente social, por meio de medidas de prevenção da perda funcional, de redução do ritmo da perda funcional, da melhora ou recuperação da função; da compensação da função perdida; e da manutenção da função atual.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica que compromete o sistema nervoso central (SNC). A doença incide geralmente entre 20 e 40 anos de idade, predominando entre as mulheres. A causa envolve predisposição genética (com alguns genes já identificados que regulam o sistema imunológico) e fatores ambientais, bem como infecções virais (vírus Epstein Barr), exposição ao sol e consequente níveis baixos de vitamina D prolongadamente, exposição ao tabagismo e obesidade, principalmente na fase da adolescência.
Nos portadores de EM as células imunológicas invertem seu papel: ao invés de protegerem o sistema de defesa do indivíduo, passam a agredi-lo, produzindo inflamações. As inflamações afetam particularmente a bainha de mielina – uma capa protetora que reveste os prolongamentos dos neurônios, denominados axônios, responsáveis por conduzir os impulsos elétricos do sistema nervoso central para o corpo e vice-versa.
Com a mielina e os axônios lesionados pelas inflamações, as funções coordenadas pelo cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal ficam comprometidas. Desta forma surgem os sintomas típicos da doença, como alterações na visão, na sensibilidade do corpo, no equilíbrio no controle esfincteriano e na força muscular dos membros com consequentemente redução da na mobilidade ou locomoção.
Os surtos (desmielinização) ocorrem a partir do surgimento de um novo sintoma neurológico ou piora significativa de um sintoma “antigo”, com duração mínima de 24 horas. Para ser considerado um novo surto é necessário que ocorra um intervalo mínimo de 30 dias entre eles - caso contrário, considera-se o sintoma “dentro” do mesmo surto em andamento.
A primeira forma de Esclerose Múltipla, chamada surto-remissão ou remitente-recorrente (EMRR), engloba cerca de 85% dos casos. Ele é caracterizado pela ocorrência dos surtos e melhora após o tratamento (ou espontaneamente). Geralmente ocorre nos primeiros anos da doença com recuperação completa e sem sequelas. Os surtos duram dias ou semanas. Em média os surtos se repetem uma vez por ano caso não inicie o tratamento adequado.
Em um prazo de 10 anos aproximadamente, metade desses pacientes evoluirá para a segunda forma da doença, conhecida como secundariamente progressiva (EMSP). Nesta etapa os pacientes não se recuperam mais plenamente dos surtos e acumulam sequelas. Eles têm, por exemplo, uma perda visual definitiva ou maior dificuldade para andar, o que pode levar à necessidade de auxílio para mobilidade ou locomoção, como apoio de bengala ou cadeira de rodas.
Nos 10% dos casos restantes ocorre a chamada forma progressiva primária (EMPP). Nela há gradativa piora das funções – sem ter necessariamente surtos. E 5% dos pacientes apresentam a quarta forma da doença, mais rápida e agressiva, chamada progressiva com surtos (EMPS). Nesta quarta forma estão combinados a progressão paralela do processo desmielinizante e comprometimento mais precoce dos axônios.
Para o diagnóstico da esclerose múltipla são utilizados os Critérios de McDonald de 2017, que considera vários aspectos clínicos e de imagem, associado a analise do líquor com a pesquisa de biomarcadores específicos. O médico solicita o exame de coleta de líquor (LCR: líquido cefalorraquidiano) – líquido extraído por uma punção na coluna lombar, que em alguns casos ajudará a confirmar o diagnóstico.
Existem outros testes e exames complementares que podem ser solicitados para diferenciar as doenças com sintomas semelhantes ou confirmar o diagnóstico.
Diagnosticar a doença precocemente faz toda a diferença. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maior a chance de modificar a longo prazo o curso natural da esclerose múltipla – reduzindo o número de surtos, lesões e sequelas neurológicas.
Atualmente há diversos medicamentos que auxiliam no tratamento dos pacientes, como imunomoduladores e imunossupressores, incluindo as novas drogas orais e os anticorpos monoclonais, medicamentos mais eficazes, e em situações especiais indica-se o transplante autólogo de células tronco hematopoiéticas. O objetivo é combater o surgimento de lesões no sistema nervoso central, a ocorrência de surtos, o acúmulo de sequelas e também a progressão das dificuldades neurológicas.
No momento do surto, os corticosteroides em altas doses proporcionam uma recuperação mais rápida ao paciente, mas, em casos mais graves pode ser usada a plasmaférese (técnica de filtração do plasma para retirar anticorpos).
Além dos tratamentos específicos para evitar o surgimento de lesões e dos surtos, também se utiliza vários medicamentos para alivio de sintomas como fadiga, descontrole esfincteriano e da rigidez muscular chamada de espasticidade. A decisão para o melhor tratamento a seguir deve ser tomada pelo seu médico em conjunto com o paciente e a família.
É fundamental o tratamento multidisciplinar! Associada ao tratamento farmacológico específico deve acontecer a reabilitação global, abrangendo as suas necessidades, como: fisioterapia, fonoterapia, terapia ocupacional, neuropsicológica e apoio psicológico.
Como o processo inflamatório pode atingir o sistema nervoso como um todo, as dificuldades funcionais do paciente podem se manifestar de forma variada, podendo ser de caráter geral (tais como fadiga, alterações cognitivas, depressão) ou mais especificas (como as alterações na deglutição, na fala, no controle intestinal e urinário, fraqueza muscular, espasticidade e alterações de sensibilidade).
As alterações de mobilidade devem ser avaliadas de maneira completa, para que o tratamento possa ser direcionado para as causas principais (perda de equilíbrio, fraqueza muscular, incoordenação motora, perda de sensibilidade posicional, espasticidade). O tratamento engloba tanto os exercícios terapêuticos quanto medicações via oral e injeções de toxina botulínica ou fenol.
A fadiga é uma queixa muito frequente, e está associada a disautonomia (dificuldade de controle na pressão arterial) e pode melhorar bastante por meio da reabilitação autonômica, associada a um programa de condicionamento físico.
As alterações esfincterianas, principalmente as urinárias, são bastante comuns entre os pacientes, e podem ser tratadas com medicações que melhoram o controle da urina ou a contratilidade da bexiga, assim como exercícios que melhoram a percepção e a força de contração da musculatura pélvica.
As alterações cognitivas (de memória ou outras funções) muitas vezes não são evidentes, mas podem provocar um impacto importante na organização da vida do paciente e em sua independência. Existem testes neuropsicológicos que são aplicados para a avaliação, e a reabilitação neuropsicológica propriamente dita estará indicada.
O tratamento medicamentoso atual da Esclerose Múltipla visa evitar a progressão da doença e preservar ao máximo a funcionalidade do paciente, mas é o tratamento reabilitacional que vai proporcionar a possibilidade de melhora funcional. Para que o tratamento de reabilitação na EM seja eficaz e traga impacto positivo na qualidade de vida do paciente, deve ser baseado em um plano voltado para as suas necessidades.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
É o termo utilizado para designar desvio da coluna vertebral no plano frontal, ou seja, notamos quando olhamos uma pessoa de frente, por meio da diferença da altura dos ombros e inclinação lateral do tronco.
Pequenos desvios no plano frontal podem ser observados com frequência nos adultos, pois a grande maioria das pessoas são assimétricas, podendo ter um lado do corpo mais desenvolvido que o outro simplesmente pelo fato de serem destros ou canhotos e falta de preocupação de postura e ergonomia no dia a dia. Esses desvios não causam dor e podem ser tratados com medidas corretivas, mas a presença de escoliose relacionada a dor (escoliose antálgica), pode ser sinal de alerta para doença inflamatória, infecciosa ou tumoral.
A escoliose é mais preocupante nas crianças e adolescentes, que tem potencial de crescimento e risco de progressão para uma grave deformidade. A causa mais frequente é desconhecida (idiopática), que pode afetar até 2% das crianças, sendo mais frequente nas meninas. Essa forma de escoliose é caracterizada pela torção do tronco, que pode ser progressiva e piorar durante os picos de crescimento da criança, causando deformidade estética e aparecimento de giba costal, devido a rotação das costelas.
A escoliose também pode aparecer em crianças que nascem com malformações na coluna vertebral, doenças neuromusculares ou associadas às síndromes que afetam outros tecidos humanos.
Escoliose idiopática, congênita e neuromuscular geralmente não estão associadas a dor e frequentemente progridem sem que os pais percebam mesmo em graus avançados. A deformidade se acentua nos picos de crescimento e acaba sendo notada quando as crianças colocam trajes de banho, pelo professor de educação física na escola, ou pelo pediatra em consultas de rotina.
O diagnóstico é feito por meio do exame físico do paciente e confirmado com radiografias panorâmicas da coluna vertebral, que permite avaliar as características da curva, possibilitando entender a causa da doença e o tamanho da deformidade (método de Cobb), que serve como parâmetro para acompanhar a evolução para definir o tratamento adequado.
A melhor forma de prevenir a evolução da escoliose e evitar o agravamento da deformidade é observar a criança e seu crescimento, procurando auxílio médico o mais precoce possível. Apenas o uso do colete adequado, indicado pelo médico, pode evitar a progressão da doença, não havendo até o momento comprovação que exercícios ou fisioterapia possam controlar a evolução. Mesmo em casos com indicação de cirurgia, as possibilidades de bons resultados estão relacionadas a precocidade e exatidão na indicação.
O tratamento da escoliose na criança dependerá da evolução da deformidade e poderá ser baseado tanto no exame físico como nas radiografias. É muito importante considerar a idade biológica da criança, pois quanto mais jovem for, maior o potencial de crescimento e consequentemente a progressão da deformidade. Na escoliose idiopática, que é a forma mais frequente nas criança e adolescentes, usamos como parâmetros as radiografias panorâmicas, que podem ser solicitadas a cada 6 meses, nos períodos de crescimento mais acentuado. Curvas mensuradas pelo método de Cobb até 20 graus, podem ser observadas, entre 21 e 40 graus pode ser indicado o uso de colete, desde que a criança esteja em fase de crescimento. Nas curvas com mais de 40 graus, principalmente com potencial de crescimento, pode ser indicada cirurgia corretiva, lembrando que o tratamento sempre deve ser individualizado, respeitando as características de cada paciente.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
A esquistossomose é uma doença parasitária causada pelo Schistosoma mansoni. Inicialmente a doença é assintomática, mas pode evoluir e causar graves problemas de saúde crônicos, podendo haver internação ou levar à morte. No Brasil, a esquistossomose é conhecida popularmente como “xistose”, “barriga d’água” ou “doença dos caramujos”.
A pessoa adquire a infecção quando entra em contato com água doce onde existam caramujos infectados pelos vermes causadores da esquistossomose. Os vermes, uma vez dentro do organismo da pessoa, vivem nas veias do mesentério e do fígado. A maioria dos ovos do parasita se prende nos tecidos do corpo humano e a reação do organismo a eles pode causar grandes danos à saúde.
O período de incubação, ou seja, tempo que os primeiros sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é de duas a seis semanas.
Para que haja transmissão é necessário um indivíduo infectado liberando ovos de Schistosoma mansoni por meio das fezes, a presença de caramujos de água doce e o contato da pessoa com essa água contaminada. Quando uma pessoa entra em contato com essa água contaminada, as larvas penetram na pele e ela adquire a infecção.
Alguns hábitos como nadar, tomar banho ou simplesmente lavar roupas e objetos na água infectada favorecem a transmissão. A esquistossomose está relacionada ao saneamento precário. A magnitude de sua prevalência, associada à severidade das formas clínicas e a sua evolução, conferem a esquistossomose uma grande relevância como problema de saúde pública.
Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e sexo, pode ser infectada com o parasita da esquistossomose, mas as situações abaixo são grandes fatores de risco para se contrair a infecção:
No ciclo da esquistossomose estão envolvidos dois hospedeiros:
A maioria dos portadores são assintomáticos. No entanto, na fase aguda, o paciente infectado por esquistossomose pode apresentar diversos sintomas, como:
Na forma crônica da doença, a diarreia se torna mais constante, alternando-se com prisão de ventre, e pode aparecer sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode apresentar outros sinais, como:
Nos casos mais graves, o estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento, fraqueza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente como barriga d’água.
Complicações
O diagnóstico da esquistossomose é feito por meio de exames laboratoriais de fezes. É possível detectar, por meio desses exames, os ovos do parasita causador da doença. O médico também pode solicitar teste de anticorpos para verificar sinais de infecção e para formas graves ultrassonografia.
A prevenção da esquistossomose consiste em evitar o contato com águas onde existam os caramujos hospedeiros intermediários infectados. O controle da esquistossomose é baseado no tratamento coletivo de comunidades de risco, acesso a água potável e saneamento básico, educação em saúde e controle de caramujos em lagos e rios.
O tratamento da esquistossomose, para os casos simples, é em dose única e supervisionado feito por meio do medicamento Praziquantel, receitado pelo médico e distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico, conforme cada situação.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.