A hanseníase, conhecida antigamente como Lepra, é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional. Possui como agente etiológico o Micobacterium leprae, bacilo que tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos, e atinge principalmente a pele e os nervos periféricos.
Com capacidade de ocasionar lesões neurais, conferindo à doença um alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença. A infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece.
Os sintomas mais frequentes da hanseníase são:
O diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame geral e dermatoneurólogico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.
Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea (suspeita de hanseníase neural pura), e aqueles que apresentam área com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e sem lesão cutânea evidente, deverão ser encaminhados para unidades de saúde de maior complexidade para confirmação diagnóstica. Recomenda-se que nessas unidades esses pacientes sejam submetidos novamente ao exame dermatoneurológico criterioso, à coleta de material para exames laboratoriais (baciloscopia ou histopatologia cutânea ou de nervo periférico sensitivo), a exames eletrofisiológicos e/ou outros mais complexos, para identificar comprometimento cutâneo ou neural discreto e para diagnóstico diferencial com outras neuropatias periféricas.
Em crianças, o diagnóstico da hanseníase exige avaliação ainda mais criteriosa, diante da dificuldade de aplicação e interpretação dos testes de sensibilidade. Casos em criança podem sinalizar transmissão ativa da doença, especialmente entre os familiares, o que deve, portanto, intensificar a investigação dos contatos. Para diagnóstico desses casos, recomenda-se utilizar o “Protocolo Complementar de Investigação Diagnóstica de Casos de Hanseníase em Menores de 15 Anos” (Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como problema de saúde pública. 2016).
O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis. Entretanto, se vier a causar impacto psicológico, tanto a quem adoeceu quanto aos familiares ou pessoas de sua rede social, essa situação requererá uma abordagem apropriada pela equipe de saúde, que permita a aceitação do problema, superação das dificuldades e maior adesão ao tratamento. Essa atenção deve ser oferecida no momento do diagnóstico, bem como no decorrer do tratamento da doença e, se necessária, após a alta.
A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis. A via de eliminação do bacilo pelo doente são as vias aéreas superiores (mucosa nasal e orofaringe), por meio de contato próximo e prolongado.
Os doentes com poucos bacilos – paucibacilares (PB) – não são considerados importantes como fonte de transmissão da doença devido à baixa carga bacilar. As pessoas com a forma multibacilar (MB) – muitos bacilos –, no entanto, constituem o grupo contagiante, mantendo-se como fonte de infecção enquanto o tratamento específico não for iniciado.
A hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Geralmente, dura em média de 2 a 7 anos, não obstante haja referências à períodos inferiores a 2 e superiores a 10 anos.
O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada, com caso novo diagnosticado de hanseníase são as principais formas de prevenção.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento da doença em unidades básicas de saúde e em referências. O tratamento da doença é realizado com a Poliquimioterapia (PQT), uma associação de antibimicrobianos, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa associação diminui a resistência medicamentosa do bacilo, que ocorre com frequência quando se utiliza apenas um medicamento, o que acaba impossibilitando a cura da doença.
Os medicamentos são seguros e eficazes. O paciente deve tomar a primeira dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde. As demais são auto-administradas. Ainda no início do tratamento, a doença deixa de ser transmitida. Familiares, colegas de trabalho e amigos, além de apoiar o tratamento, também devem ser examinados.
Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema padrão é ajustada de acordo com a idade e o peso. Já no caso de pessoas com intolerância a um dos medicamentos do esquema padrão, são indicados esquemas substitutivos.
A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizadas pelo esquema terapêutico, dentro do prazo recomendado. O tratamento da hanseníase é ambulatorial, ou seja, não necessita de internação.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
É uma doença genética hereditária que se caracteriza pela dificuldade de coagulação do sangue facilitando a hemorragia. A hemofilia A representa 80% dos casos e está relacionada à deficiência do fator VIII da coagulação sanguínea. A Hemofilia B, cerca de 20% dos casos, relaciona-se ao fator IX da coagulação. Dependendo da quantidade do fator deficiente a Hemofilia pode ser grave (<1%), moderada (1-5%) ou leve (acima de 5%).
É uma doença genética ligada ao cromossoma sexual X. Desta forma é transmitida pela mulher aos filhos homens. As filhas mulheres podem ser apenas portadoras do gene e isto implica na necessidade de aconselhamento genético nestas famílias.
O diagnóstico é feito em laboratório a partir da dosagem específica dos fatores deficientes, ou seja, fator VIII e IX. Estes, nos indivíduos normais estão acima de 50%. Por técnicas de genética molecular é possível determinar qual o defeito genético. Esta metodologia não é utilizada na pratica clínica para diagnosticar pacientes, mas sim para identificar portadoras do gene.
O tratamento é feito através de uma equipe multidisciplinar e com a reposição do fator VIII e fator IX faltantes. Hoje estes produtos podem ser obtidos do sangue humano através de processamento industrial ou por engenharia genética, os chamados recombinantes respectivamente de fator VIII e IX. A terapia genética vem avançando nesta área e possivelmente deverá se tornar de grande ajuda.
A prevenção pode ser feita em dois níveis:
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
A hepatite é a inflamação do fígado. Pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. Em alguns casos, são doenças silenciosas que nem sempre apresentam sintomas.
As hepatites virais são inflamações causadas por vírus que são classificados por letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E. O SUS oferece tratamento para todos independente do grau de lesão do fígado.
Sintomas mais comuns da hepatite A e B:
Sintomas mais comuns da hepatite C:
O diagnóstico e o tratamento precoces podem evitar a evolução da doença para cirrose ou câncer de fígado. Por isso, é tão importante fazer os exames. O diagnóstico pode ser feito por testes rápidos que dão o resultado em uma hora. Também existem exames feitos em laboratório.
A vacina é uma forma de prevenção contra as hepatites do tipo A e B, entretanto quem se vacina para o tipo B, se protege também para hepatite D, e está disponível gratuitamente no SUS. Para os demais tipos de vírus não há vacina e o tratamento é indicado pelo médico.
Como prevenir a hepatite A?
A vacina está disponível no SUS, sendo oferecida no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos (4 anos, 11 meses e 29 dias), e também no CRIE, para pessoas de qualquer idade que tenham: hepatopatias crônicas de qualquer etiologia incluindo os tipos B e C; coagulopatias; pessoas vivendo com HIV; portadores de quaisquer doenças imunossupressoras; doenças de depósito; fibrose cística; trissomias; candidatos a transplante de órgãos; doadores de órgãos, cadastrados em programas de transplantes; pessoas com hemoglobinopatias.
Como prevenir a hepatite B?
Em crianças, é dada em quatro doses: ao nascer, 2,4 e 6 meses. Para os adultos que não se vacinaram na infância, são três doses a depender da situação vacina. É importante que todos que ainda não se vacinaram tomem as três doses da vacina. Pessoas que tenham algum tipo de imunodepressão ou que tenham o vírus HIV, precisam de um esquema especial com dose em dobro, dada nos Centros de Imunobiológicos Especiais (CRIE). Em 2017, foram distribuídas 18 milhões de vacinas. Atualmente, 31.191 pacientes estão em tratamento para hepatite B.
Como prevenir a hepatite C?
Ainda não existe uma vacina contra a hepatite C a prevenção pode ser feita evitando, o contato com sangue contaminado, sexo desprotegido e compartilhamento de objetos cortantes. O tratamento é medicamentoso, há cura em mais de 95% dos casos.
A hepatite C tem cura em mais de 90% dos casos quando o tratamento é seguido corretamente. As hepatites B e D têm tratamento e podem ser controladas, evitando a evolução para cirrose e câncer.
A hepatite A é uma doença aguda e o tratamento se baseia em dieta e repouso. Geralmente melhora em algumas semanas e a pessoa adquire imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção. Todas as hepatites virais devem ser acompanhadas pelos profissionais de saúde, pois as infecções podem se agravar.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
Herpes, ou cobreiro é uma doença causada pelo Vírus Varicela-Zóster (VVZ), o mesmo que causa também a Catapora. Esse vírus permanece em latência durante toda a vida da pessoa. A reativação ocorre na idade adulta ou em pessoas com comprometimento imunológico, como os portadores de doenças crônicas (hipertensão, diabetes), câncer, Aids, transplantados e outras.
Excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem herpes-zóster após contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zóster, o que indica a possibilidade de uma reinfecção em paciente já previamente imunizado. É também possível uma criança adquirir varicela por contato com doente de zóster.
Entre suas diferentes denominações, o vírus possui três subtipos:
Muitas vezes, nos adultos que tiveram a doença quando crianças o vírus pode voltar a se manifestar por meio de vesículas em algumas terminações nervosas no tórax, costas, abdome ou rosto. Quando isso ocorre o efeito é avassalador. Seu primeiro indício é uma hipersensibilidade na pele, seguida da erupção de feridas. Pode ainda levar à nevralgia pós-hérpica, ou seja, mesmo após o desaparecimento das lesões pode haver uma inflamação dos nervos, provocando dores.
Longa é a discussão sobre os reais motivos para a ativação do vírus herpes simples, que se instala na cadeia ganglionar, o conjunto de gânglios localizados no pescoço, nas axilas e nas virilhas. Estresse, febre, infecções e alta exposição ao sol são algumas das principais causas para despertá-lo. Por essa razão, em pacientes com imunidade baixa, muitas vezes chega a ser crônico.
Quando há frequente ocorrência do herpes simples Tipo 1, existe a possibilidade de prevenir sua manifestação contínua por meio de tratamentos com antivirais de uso tópico ou via oral. O tratamento encurta a duração dos surtos, mas não há cura em definitivo, podendo haver recidiva mesmo após o tratamento.
O herpes é contagioso. Assim, cuidado, atenção e prevenção são as palavras-chave para a não proliferação do vírus. O tipo simples 1 é transmitido pela saliva ou pelo contato da ferida com a pele, em sua fase vesicular; o tipo simples 2, por relação sexual. O uso de proteção e boa higienização após o ato sexual, portanto, são essenciais para prevenir-se contra ele.
Como os anteriores, o varicela-zóster também é contagioso e pode ser contraído com o contato direto entre as lesões e a pele. Ao primeiro sinal de manifestação da doença, deve-se procurar um médico. Ele indicará o melhor tratamento para evitar a reincidência da doença ou sua disseminação.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
A hiperidrose é o suor excessivo, mais que o necessário para a função de regular a temperatura, e costuma ser uma condição primária (não o sintoma de outra doença) e localizada em algumas partes do corpo. Afeta normalmente as axilas, palma das mãos e sola dos pés, mas pode ocorrer no couro cabeludo, abaixo das mamas, nas virihas ou na face.
Pode ser primária e idiopática (sem causa definida), quando não está relacionada a nenhuma outra doença, e costuma ser focal: face, couro cabeludo, axilas, pés e mão. O suor excessivo generalizado, que ocorre em todo o corpo, costuma aparecer mais tardiamente, não desaparece durante o sono, pode estar relacionado a infecções, tumores, lesões da medula espinhal e outras condições menos comuns.
A hiperidrose acomete de 1 a 5% da população e parece ter um componente genético/familiar. As glândulas sudoríparas, que causam o suor, do tipo écrina é que são responsáveis pela hiperidrose, sendo mais comuns nas palmas das mãos, nas plantas dos pés e também nas axilas. O suor que observamos na face, no tronco e nas costas estão relacionados ao esforço enquanto o que ocorre nas palmas das mãos e dos pés ocorrem por estímulos emocionais e não costumam ocorrer durante o sono. A hiperidrose parece ocorrer por uma resposta exagerada do cérebro aos estímulos emocionais/afetivos.
Os pacientes com hiperidrose primária apresentam sintomas localizados nas palmas das mãos, nas solas dos pés e axilas que se iniciam na infância ou adolescência e que vão persistir na vida adulta. Couro cabeludo, mama e face são menos afetados. Importante ressaltar que embora os sintomas possam piorar com o calor ou estímulos emocionais, ela não é considerada um distúrbio psicológico. Com frequência os pacientes apresentam pele úmida e queixam-se de manchar as roupas, evitam apertos de mão e atividades de trabalho ou lazer que solicitariam uma pegada com a mão seca, levando a dificuldades sociais no trabalho ou na vida pessoal.
Critérios diagnósticos sugeridos para hiperidrose focal primária incluem suor excessivo, focal, com pelo menos seis meses de evolução sem uma causa aparente, mais pelo menos duas das seguintes características:
A produção do suor pode ser temporariamente reduzida pelo bloqueio da liberação da acetilcolina, como efeito do uso da Toxina Botulínica Tipo A, no sistema nervoso autônomo. A resposta ao tratamento para a hiperidrose axilar pode se iniciar a partir do segundo ou terceiro dias da aplicação e o tempo de duração é variável, podendo aumentar com aplicações subsequentes. A duração média do efeito para o tratamento axilar é de 5 a 8 meses, após tratamento repetido.
Para o tratamento do suor na palma das mãos e na planta dos pés o inicio do resultado pode ser observado a partir de uma semana da aplicação e dura por aproximadamente seis meses. Antes da aplicação pode-se identificar a área ideal de aplicação na axila através do teste de iodo/amido. Dose por axila e mão ou pé 50 a 100 unidades em cada segmento. Como efeitos colaterais no tratamento da hiperidrose palmar (nas mãos) pode observar discreta fraqueza, transitória em alguns musculoso da mão, podendo também ocorrer hematomas, por se tratar de uma aplicação feita com agulha. Aplicações no couro cabeludo costumam apresentar inicio de ação a partir do quarto dia e terem duração de 6 meses, sem efeitos colaterais significativos, sendo utilizada dose de 100 a 200 unidades por tratamento, a depender da área tratada.
Outras modalidades de tratamento como, por exemplo, o uso de desodorantes a base de sais de alumínio para hiperidrose axilar, agentes orais e simpatectomia para hiperidrose palmar e plantar podem ser consideradas e devem ser, assim como o tratamento com a toxina botulínica, avaliadas em termos de riscos, custos e benefícios no tratamento desta condição.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo. A pressão alta é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca.
Doença hereditária em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles:
Além desses fatores de risco, sabe-se que a incidência da pressão alta é maior na raça negra, em diabéticos, e aumenta com a idade.
Os sintomas da hipertensão costumam aparecer somente quando a pressão sobe muito: podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.
Medir a pressão regularmente é a única maneira de diagnosticar a hipertensão. Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pessoas com pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes por ano.
Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável:
A pressão alta não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada. Somente o médico poderá determinar o melhor método para cada paciente. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo programa Farmácia Popular. Para retirar os remédios, basta apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do prazo de validade, que são 120 dias. A receita pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um médico que atende em hospitais ou clínicas privadas.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
A tiroide é uma glândula localizada na porção anterior do pescoço e apresenta um formato similar ao de uma borboleta. Ela é responsável pela produção de hormônios (T4 e T3) que auxiliam no metabolismo do organismo. A produção excessiva de hormônios de tireoide (hipertireoidismo) promove aumento do metabolismo e pode gerar vários sintomas, sendo necessário diagnóstico preciso e tratamento adequado junto ao endocrinologista para promover o controle hormonal.
A causa mais frequente é a Doença de Graves: doença autoimune, que corresponde a mais de 70% dos casos, com produção aumentada de hormônio na glândula inteira. O Anticorpo TRAb se liga ao receptor de TSH na tireoide e estimula a tireoide a produzir mais hormônio. A doença de Graves é mais comum em mulher jovem e habitualmente existe histórico familiar de doença de tireoide.
As outras formas de hipertiroidismo são relacionadas ao surgimento de um ou mais nódulos tiroidianos que se tornam autônomos; isto é, não necessitam de estímulo do TSH para funcionar e, dependendo da quantidade de células autônomas, podem produzir hipertiroidismo. O quadro devido a um único nódulo é conhecido como doença de Plummer (DP) ou bócio uninodular tóxico (BUNT) e corresponde a cerca de 5% dos casos de hipertiroidismo. O quadro devido a vários nódulos é chamado de bócio multinodular tóxico (BMNT) e é responsável por cerca de 10% dos casos de hipertiroidismo. Esse tipo de doença é mais comum em pessoas mais idosas (acima dos 60 anos), não tem herança genética definida e, apesar de ser uma doença nodular, apresenta risco mínimo de câncer.
No primeiro trimestre da gestação, devido a elevação do hormônio BHcg, pode ocorrer um quadro de hipertiroidismo transitório que não necessita de tratamento. O Hcg é um hormônio que apresenta uma semelhança com o TSH e consegue se ligar a seus receptores na tireoide e aumentar a produção dos T3 e T4.
As Tiroidites virais ou crônicas também podem ser responsáveis por um quadro de hipertiroidismo na sua fase inicial.
Doses excessivas de Levotiroxina para a correção do hipotiroidismo podem levar a um quadro de Hipertiroidismo mais corretamente tireotoxicose.
Raramente pode ocorrer uma alteração hipofisária que cause excesso de produção de TSH, que por sua vez induziria ao hipertiroidismo (TSHoma).
Os sintomas do hipertiroidismo são mais exuberantes quanto maior a intensidade e etiologia da doença. Em geral a tiroide aumenta de tamanho (bócio). O paciente pode perder peso, mesmo alimentando-se bem, e ficar mais nervoso e irritado. Há também uma tendência de sentir calor e de suar mais. Pele, unhas e cabelo ficam mais finos.
Persistindo a doença, registram-se fraqueza muscular e tremores de extremidades. Os batimentos cardíacos tendem a se acelerar (atingindo até 100 batimentos por minuto), chegando até mesmo a ocorrer arritmias cardíacas. O ritmo intestinal tende a ficar acelerado e fezes ficam mais moles. As mulheres podem apresentar irregularidades menstruais, como amenorreia que é a parada da menstruação.
Na Doença de Graves além dos outros sintomas já descritos, pode ocorrer alterações oculares, desde retração das pálpebras superiores até um quadro mais complexo, com inchaço dos tecidos que ficam atrás dos olhos, acarretando uma protrusão dos olhos (exoftalmia). Outras formas de hipertiroidismo podem ser acompanhadas de paralisias musculares periódicas, induzidas após a ingestão de açúcares.
Diferentemente do hipotiroidismo, não há relação direta entre a intensidade dos sintomas e o grau de alteração hormonal. Registra-se uma grande dependência da susceptibilidade individual. Assim, em geral, indivíduos mais idosos apresentam maior incidência de manifestações cardíacas, e indivíduos mais jovens têm manifestações neuropsicológicas.
De modo semelhante ao hipotiroidismo, sintomas isolados não caracterizam o quadro de hipertiroidismo, havendo necessidade de vários deles. Quase todas as manifestações do hipertiroidismo são reversíveis com tratamento adequado.
Abaixo segue resumo dos principais sintomas que levam a suspeita do hipertiroidismo.
A suspeita de um quadro de hipertiroidismo pode ser confirmada pela dosagem do T3 e T4 livre (que deve vir elevado) e do TSH (que deve estar muito baixo). No entanto, para se definir a causa da doença podem ser necessários outros testes. Na suspeita de MBG, a dosagem do TRAb pode confirmar a suspeita, e no BUNT e no BMNT o mapeamento da tiróide é bastante útil. Muitas vezes também se lança mão do ultrassom para definir o tipo de alteração tiroidiana. O diagnóstico etiológico do hipertiroidismo é fundamental para a decisão terapêutica.
Existem três modalidades de tratamento para o hipertiroidismo:
Mais recentemente, nos casos de BUNT e BMNT, tratamentos minimamente invasivos com uso de radiofrequência, laser ou injeção percutânea de etanol nos nódulos produtores de hormônio, tem se mostrado alternativas eficazes no controle. Dependendo das manifestações clínicas do quadro de hipertiroidismo, o médico pode prescrever outros remédios para ajudar a controlar sintomas específicos, como nervosismo, tremor ou palpitação.
O hipertiroidismo não tratado é uma doença perigosa e leva a consequências sérias. Compensado, deixa de acarretar riscos.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.
A tireoide é uma glândula em formato de borboleta, localizada na porção anterior do pescoço que produz os hormônios tiroidianos T4 e T3. Hipotiroidismo é a diminuição da produção destes hormônios pela glândula.
A principal causa de Hipotiroidismo é a "tireoidite de Hashimoto". Uma doença autoimune onde o sistema imunológico produz anticorpos, que "atacam" a tiroide, causando uma inflamação crônica. Lenta e paulatinamente, há perda da função tiroidiana, com o desenvolvimento do Hipotiroidismo. Apesar de uma predisposição genética, a doença pode ser desencadeada por fatores ambientais como estresse. Existem dois picos de idade de incidência da doença: uma em torno dos 20 anos e outra entre 50 e 60 anos.
Outras causas de Hipotiroidismo são, a retirada cirúrgica da glândula, uso de doses terapêuticas de iodo radioativo para tratamento de Hipertiroidismo e radioterapia na região cervical. Alguns medicamentos também podem precipitar o aparecimento do Hipotiroidismo, como a Amiodarona, Lítio e interferon alfa. Carência ou excesso de iodo na alimentação também pode levar ao hipotireoidismo.
O hipotiroidismo pode ser congênito, ou seja, a criança pode nascer com uma diminuição da produção dos hormônios, por uma deficiência nas enzimas necessárias na produção (dishormonogênese) ou nascer sem a glândula tireoide (agenesia).
Uma outra causa menos frequente de hipotiroidismo é o Hipotiroidismo Central, ou seja, o problema não esta na tireoide e sim na glândula hipófise que é responsável pela produção do hormônio TSH, que estimula a tireoide a produzir o T3 e T4.
Como os hormônios tiroidianos têm função em quase todo o organismo, o Hipotiroidismo leva a uma diminuição nas funções corporais. No entanto, na fase inicial pode-se não perceber nada. As manifestações podem ser, aumento de tamanho da tiroide (bócio), cansaço e sensação de frio. A pele fica mais seca e as unhas e o cabelo secos e quebradiços.
A circulação pode ser afetada, com redução da frequência dos batimentos cardíacos (às vezes abaixo de 60 batimentos por minuto). Como o ritmo intestinal se torna mais lento, surge a tendência à obstipação (prisão de ventre). O paciente pode ganhar um pouco de peso, pela retenção de água, mas dificilmente fica obeso, pois em geral há uma diminuição proporcional do apetite (algumas pessoas acreditam que o Hipotiroidismo faz engordar, mas na verdade a doença provoca apenas inchaço; pior ainda é a crença errônea de que obesidade seja causada por Hipotiroidismo ou por uma "tiroide preguiçosa").
Os músculos podem ficar doloridos e o paciente tende a sentir câimbras noturnas. O inchaço muscular pode atingir a língua, fazendo-a aumentar de tamanho. O sistema nervoso pode ser afetado de diversas maneiras, ocorrendo comprometimento da memória, lentidão de raciocínio e tendência à depressão.
Frequentemente há registro de formigamento nas mãos e pés, pequena dificuldade para andar e algum grau de desequilíbrio. Em resumo, parece que tudo "anda mais devagar".
A intensidade do Hipotiroidismo é proporcional ao grau de alteração laboratorial. Se o quadro clínico for importante, espera-se encontrar uma alteração hormonal também significativa, e vice-versa.
Vale ressaltar que, isoladamente, cada um desses achados não caracteriza o estado de Hipotiroidismo. A soma de várias dessas manifestações é que levanta a suspeita e desencadeia uma investigação. Apesar do quadro comprometer consideravelmente a qualidade de vida do paciente, todas as manifestações de Hipotiroidismo são revertidas com o tratamento adequado.
O exame mais sensível para o diagnóstico é a dosagem do hormônio TSH no sangue. No caso do hipotiroidismo este se encontra elevado e os hormônios T4 e T3 diminuídos.
O valor normal de TSH, para a maior parte dos laboratórios, está contido na faixa de 0,3 a 4,5 mUI/ml, e qualquer elevação acima dessa faixa é interpretada como Hipotiroidismo. No entanto, valores entre 4,5 a 10,0 são considerados, com raras exceções, como Hipotiroidismo subclínico.
A presença dos anticorpos antitireoglobulina e antiperoxidase , principalmente os antitiroperoxidase, confirmam o diagnóstico de tiroidite de Hashimoto como causa do Hipotiroidismo. Esses auto anticorpos só têm importância para esse fim, e seu valor numérico não é relevante.
A medicina ainda não consegue oferecer um tratamento específico do distúrbio que causa o Hipotiroidismo, portanto não pode ser curado. Mas pode-se facilmente repor a função perdida. A medicação Levotiroxina é exatamente igual o T4 produzido pela glândula. A Levotiroxina deve ser ingerida em dose única diária, pela manhã, em jejum (cerca de 30 minutos antes do café da manhã), caso contrário sua absorção pode ser incompleta. Os preparados de HT são comercializados numa gama enorme de dosagens, o que elimina a necessidade de manipulação (fórmulas magistrais). No entanto, não existe nenhum estudo comprovando a equivalência das doses de diferentes preparados comerciais contendo HT. Assim, sugere-se que o paciente mantenha o mesmo preparado comercial. No caso de uma troca depois de algumas semanas, recomenda-se uma nova dosagem hormonal, para aferir a resposta. A utilização do HT é perfeitamente segura durante a gravidez, não havendo risco para a mãe ou o feto; pelo contrário, durante a gravidez normalmente existe uma necessidade de incremento na dose.
Alguns poucos medicamentos diminuem a absorção dos HT, entre os quais a colestiramina (usada para tratamento de distúrbios do colesterol), antiácidos contendo hidróxido de alumínio e suplementos contendo ferro, para tratamento de anemia.
O controle da medicação e feito através da dosagem do TSH. Apesar de se tratar de uma doença crônica que requer acompanhamento permanente, uma vez que seja bem tratada, Hipotiroidismo não causa limitações à qualidade de vida do paciente.
Fontes:
Guia de Doenças e Sintomas. Hospital Albert Einstein.
Saúde de A a Z. Ministério da Saúde.